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Os desafios da comunidade na mídia

  • Foto do escritor: amor+
    amor+
  • 25 de abr. de 2024
  • 5 min de leitura

Atualizado: 24 de mai. de 2024

Da crítica ao Pink Money à falta de representatividade: histórias de resistência e lutas pela visibilidade na mídia.





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A invisibilidade enfrentada pela comunidade LGBT+ na terceira idade é um tema complexo e pouco abordado nas grandes mídias. O assunto, é uma crítica às mídias atuais que se dizem mais avançadas e atualizadas, sem grandes preconceitos. 


O mês que mais vemos pautas da comunidade é no mês de julho, conhecido como “mês do orgulho”, onde ocorre a para lgbtqia+ na avenida paulista. Para se ter uma ideia, em 2022, o evento foi 'parar' no Guinness devido ao recorde de público, com cerca de 2,5 milhões de pessoas. 


Grandes marcas foram envolvidas ao longo dos anos na crítica do Pink Money, termo utilizado para marcas que apropriam de pautas da comunidade lgbt+ para promover seus produtos, como a Doritos, com a campanha “Rainbow”, a Skol com o “dia do orgulho”, e a Airbnb com a proposta “abra sua porta para a diversidade”.


Conversamos com Jacqueline Chanel, 60 anos, cabeleireira e mulher transexual, falando um pouquinho sobre sua visão do pink money e a divulgação no mês do orgulho.


“Eu sou a Jacque Chanel, e penso que em bem dizer de 30 anos de militância com a parada nós já tivemos muitos avanços, muitas lutas e muitos retrocessos também, essa questão do pink money é algo meio que negativo para a nossa comunidade mas ao mesmo tempo também é positivo, é como se fosse uma faca de dois gumes né”


Segundo o Relatório Orgulho LGBTQIA 2023,  da Opinion Box, estima-se que a comunidade possua cerca de 400 bilhões de reais em poder de compra, o que aumenta os olhares voltados para a economia que gira em torno de produtos relacionados aos grupos. Normalmente com estereótipos de arco-íris, glitter e frase de personagens criados não representando verdadeiramente a comunidade.


É fato que, nos últimos anos, a população LGBT+ tem conquistado cada vez mais espaço na mídia brasileira, seja nas novelas, em reportagens pedagógicas da mídia impressa e online ou programas humorísticos e de variedades.


Em 1974, o primeiro personagem gay surgiu na televisão brasileira, na novela “O Rebu”, da TV Globo. O casal foi juntado pela dependência financeira de um jovem a um senhor, e teve grande repercussão negativa dentro da mídia.


Outra questão vem à tona, além de como são representados os personagens LGBT+:

Quantos são de fato interpretados por pessoas deste grupo? Esta prática é conhecida como Queerbaiting, que se trata de uma manobra midiática que traz vivência de pessoas LGBT+ que não são interpretadas por pessoas desta comunidade. Quantos atores transexuais estão no elenco da Globo, do SBT, da Band ou da Record, as grandes mídias do Brasil? 


E quando juntamos a sexualidade na terceira idade com a pauta LGBT+? Os preconceitos são amplos e falta visibilidade das mídias gerais como comentou Yuri 

Fernandes, de 30 anos, e produtor da série documental “corpos que resistem”, que conta sobre as histórias e trajetórias deste grupo seleto.


“Muita gente me pergunta se existem poucas pessoas idosas lgbts, e eu digo que é o contrário, existem muitas e muitas querem contar suas histórias,  de fato a gente tem que usar nosso espaço que a gente tem, eu enquanto jornalista de ir atrás e procurar.”


“O bom dessa série é que mostra diversas possibilidades de velhice, não é só um caminho traço pq a gente tá falando de pessoas plurais de contextos diferentes de gêneros diferentes, então não existe um futuro, uma longevidade para cada uma, são histórias bem específicas e cada um vai ter a sua terceira idade de acordo com o que viveu em sua infância, adolescência.”


Quando questionado sobre sua história favorita, Yuri trouxe à tona a falecida Martinha, que deu uma de suas últimas entrevistas na série e comentou sobre todos os preconceitos e dificuldades que cercam este grupo.


“A história que mais me marca é justamente a da Martinha que foi na primeira temporada, a Martinha já faleceu e foi uma das últimas entrevistas que ela deu, até em então ela nem era muito conhecida do movimento, mas ela era uma travesti que a gente pode falar que sintetizava todos os tipos de preconceitos de transfóbicas, que uma pessoa trans pode sofrer no Brasil, e a Martinha ela representa todas essas expulsões que pessoas trans precisam encarar durante a vida.”


“Ela nunca  encontrou esse momento do tipo: ‘agora acabou, agora eu vou viver plenamente acabou o preconceito’ não a vida inteira, tanto que depois dos 60 anos, botam fogo no casarão que ela morava por transfobia também.”


Yuri também ficou surpreso com a visibilidade que seu documentário teve na mídia, porém não se limitou a criticar o conservadorismo presente dentro da televisão e da internet brasileira.


“Teve uma visibilidade maior do que eu esperava, não imaginava que teria, e pensa tem mais de seis anos que eu lancei a primeira temporada, e toda vez que eu lanço alguma coisa volta a repercussão e eu acho isso muito legal, porque não importa o tempo quando foi a entrevista, são histórias atemporais que daqui 10/20 anos vai ter um impacto ainda, a gente tá falando do nosso passado e ele precisa ser interessante para gente conhecer dos nossos direitos e tudo mais”


“Nessa terceira temporada a gente trabalhou com assessoria de imprensa, e a gente não conseguiu emplacar em nenhum meio tradicional, em tv aberta, em nenhum grande canal de comunicação aberto digamos assim, então não foi uma crítica mas foi um ‘não queremos falar isso’.”


“Porque querendo ou não existe um conservadorismo muito grande porque a gente tá falando de idosos lgbts e ainda tem essa figura do avô da avó que são casados, então poxa vou botar aqui no jornal uma pessoa trans idosa, então existe um conservadorismo muito grande em relação a isso, tanto que quando a gente teve em babilônia uma novela da globo, duas idosas lésbicas teve um boicote total.”


Assim como ocorreu na novela babilônia em 2015, em 1998, outro casal de lésbicas Leila e Rafaela, da novela “Torre de Babel” também da rede Globo, foram retiradas do enredo em uma explosão de shopping, que matou as personagens decorrido a rejeição dos telespectadores, uma das atrizes chegou a vir a público e deu sua última declaração sobre o fim trágico de sua personagem "Nunca pude imaginar. Sei lá, uma coisa como essa tem explicação? Tem sim... Só pode ser esse maldito preconceito!".


Ainda há muitas histórias para serem contadas porém pouco espaço dentro das mídias, sejam elas digitais ou as tradicionais, em qualquer época do ano as pautas da comunidade deveriam ter seu devido reconhecimento.


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